d
r
E
A
M
a que não promete
o que se queixa por ela não prometer
'Ela' e 'Ele'. Talvez juntos sejamos muito mais do que uma simples palavra. Talvez passemos de fantasmas a memórias vivas.
(6) - Na Excepção - O Tempo Encarrega-se de apagar aquilo que não queremos esquecer.
quinta-feira, 21 de maio de 2009 ( 22:44 )
Correra durante séculos, ou pelo menos era o que lhe parecia, até que ela surgiu vinda do nada numa corrida rápida de encontro aos meus braços. Agarrei-a com força e enterrei a cara nos seus cabelos - coco, quem é que tem o cabelo a cheirar a coco? - ela.
Passei-lhe os dedos pela face lacrimejada e afaguei-lhe a pele gelada num gesto tão carinhoso como egoísta, preciso de olhe tocar, de ter a certeza de que está viva.
- O que é que se passou, mavourneen?
Entre soluços e um choro compulsivo engolido, ela respondeu numa voz trémula:
- É uma longa história e, infelizmente, eu não tenho todo o tempo do mundo.
- O que quer que seja, prometo que se vai resolver. - por muito que as minhas próprias palavras me soassem a mentiras rascas não havia mais nada que conseguisse dizer. Se fosse o fim do mundo diria-lhe que as portas do Paraíso se tinham acabado de abrir para nós passarmos.
Ao fim de algum tempo, depois de ela conseguir dizer três frases seguidas sem arrebentar em choro pelo meio, fiquei a saber de tudo. Ouvi o que ela tinha para me dizer do inicio ao fim sem pestanejar uma única vez, nem por um instante deixei que o medo que me aflorou à garganta, subisse e tomasse controlo da minha mente, nem por um segundo deixei que os meus próprios sentimentos se espalhassem nas portas da alma. Pelo contrário, enquanto ela narrava a sua história, permaneci seguro como um pilar - o apoio de que ela precisava.
Quando ela terminou as palavras já me queimavam a língua há tempo demais e, por isso, tive de falar:
- Quantos quilómetros de distância?
- Uns quantos.
O meu mundo desmoronou-se, caiu. Finalmente encarei a realidade do que ela me estivera a contar, as palavras dela finalmente penetraram a minha cabeça dura e acomodaram-se juntamente com todos os meus outros receios - que nos últimos dias se tinham tornado, sem excepção, relacionados com ela. Perdê-la, perdê-la daquela maneira, perdê-la daquela forma.
- Não podes estar à espera que te deixe ir. - E agora sim, as minhas palavras representam a mais pura das verdades, não consigo imaginar um mundo de sabores sem aquele maravilhoso cheiro a coco impregnado na minha roupa para me fazer lembrar que ainda vale a pena estar vivo.
Ela não disse nada, limitou-se a inclinar a cabeça ligeiramente para o lado - como se para que os cabelos dançassem com o vento.
- Não há qualquer hipótese de ficares? - perguntei, sem realmente querer saber a resposta.
- Não sei, não fiquei para ouvir o resto da história. Só queria fugir, fugir depressa. E tu apareces-te mais uma vez, na altura certa. - disse sorrindo-me abertamente pela primeira vez desde que chegara.
Abracei-a com força, e decidi rapidamente o que tinha a fazer. Fugir é uma ideia demasiado romântica e irreal, e demasiado não plausível.
- Vem comigo, vou-te levar a minha casa. Quero contar-te uma história e explicar-te como é que não vais a lado nenhum.
O cheiro dela veio até mim e atacou-me como um espasmo gigante, cheira a pecado, a promessas, a vontade e a destino. Cheira a ela.
Querido Filho,
Desculpa estar a escrever-te, bem sei que não é o que tu queres e muito menos uma coisa que desejes - isto é, receber uma carta minha.
A questão é que existem algumas coisas que tens de saber e que eu não tenho o direito de te esconder. A tua mãe, é minha prima também, a tua mãe não pode ficar comigo porque a família achou que se tratava de uma relação encestuosa. Quero que percebas que a amei, e amo acima de tudo e que tu és, e sempre serás, a melhor prova daquilo que nós fomos e do quanto nós partilhámos.
Soube que o teu avô morreu, lamento por isso, lamento também por o teres visto menos vezes do que as que merecias e por não teres tido direito aos tão sábios conselhos que ele nos oferecia a todos. No entanto, sinto-me na obrigação de te escrever para te revelar o que o teu avô me fez prometer dizer-te.
O teu avô ofereceu-te uma casa, a casa dela, deixou-ta através do seu melhor amigo - um homem de quem ninguém gostava - legando-a a ele para que pudesse ser tua sem a interferência do teu tio, o que mora lá. Ele queria também que te dissesse que tem uma neta linda - doce como um coco, teimosa como um coco - que precisa de um amigo mas que, se um dia mais tarde te vier a ser mais do que isso, a família não cometerá o mesmo erro e deixar vos-á serem felizes.
Com Amor, muito, Pai.
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