d
r
E
A
M
a que não promete
o que se queixa por ela não prometer
'Ela' e 'Ele'. Talvez juntos sejamos muito mais do que uma simples palavra. Talvez passemos de fantasmas a memórias vivas.
(11) Um caso aparte - Imitações
quarta-feira, 17 de junho de 2009 ( 21:45 )
A luz descia desde a janela até à minha cama, precisamente na zona em que pousava a cabeça. Curiosamente era na suposta área onde deveriam estar os pés, pelos vistos a noite havia sido agitada, embora eu não me lembrasse de nada. Esforcei-me realmente para descobrir qual o motivo de tanta agitação, mas continuei mergulhada na ignorância – e nos lençóis.
O dia da Guerra começou e eu não me sentia minimamente preparada para enfrentar os factos. Ainda a morte do meu avô me rasgava as artérias só de pensar. (sortudas as veias)
Esperei que alguém me viesse acordar e perguntar novamente se queria ir à escola, e como seria de esperar, eu responderia não; ou o choque foi de tal maneira grande que a ideia de sair sequer de casa e enfrentar a enorme multidão que me esperava era completamente impensável, ou a preguiça e o conforto falavam agora mais alto. Digamos que era a primeira.
Nada ouvi, estranhei as horas pelo sol estar tão alto e arrastei-me nas minhas pantufas do Snoopy até a cozinha. Estava a televisão apagada e tudo arrumadinho em silêncio – como se as coisas conseguissem falar, cabeça minha.
Em cima da mesa estava um guardanapo rabiscado e uma taça de cereais, com o saco ao lado.
‘Descansa bem e toma o pequeno-almoço. Nós achamos que era melhor não saíres por hoje, depois falamos contigo. Beijinho, Lou’
Louise é a minha mãe, que começou a ser tratada por Lou desde que eu nasci, pois me era difícil dizer o nome todo.
O guardanapo marcava para mim um adiamento da guerra e consequentemente um adiamento dos factos; da dor.
Passei a manhã toda a ver desenhos animados embrulhada numa manta a comer bolachas com manteiga. Almocei sozinha, como seria de esperar, e quando foi marcada a dita hora da Lou chegar, fechei-me no meu quarto, no calhamaço que é o meu computador – perguntei-me na altura quando viria o meu portátil, já tinham passado três meses e a companhia dizia que era só um.
Aí fiquei a ouvir música e a tentar escrever alguma coisa, mas tudo o que saía, além de ser deprimente, não tinha lógica e as palavras não se ligavam entre si.
Eram sete horas e a minha mãe chamou-me para jantar, massa com carne picada e outras coisas mais, tipo frango, queijo e chouriço e umas coisas verdes que nunca soube o que eram, uma invenção dela. Achei estranho por ser tão cedo, mas ainda bem que o foi, quanto mais coisas tivesse que fazer, menos tempo passava a pensar nele.
Mantive-me silenciosa e observadora ao jantar, rezando a todos os deuses que não se falasse sobre o destemido tema, o tema da Guerra.
Haja deuses ou não, consegui adiá-la pelo menos por mais uma hora, até o meu pai chegar.
Quando ouvi a porta de casa fechar, baixei o som da música que estava a dar e encostei o ouvido à porta.
- Vou falar com ela. – Exclamou a voz grossa do meu pai.
- Não, por favor. Ela parece estar bem assim. Não queiras piorar as coisas. – Como se fosse possível ficar pior.
- Tens a certeza?
- Sim, é melhor.
Ouvi passos a aproximarem-se da porta e saltei para cima da cama e fingi que cantava a música que estava a dar. Nem imagino a figura que fiz, a porta não se abriu.
Sabia que não tinha vencido a Guerra, mas também não tinha perdido. Como tu disseste outrora, embora não a tenha vencido, sobrevivi sem derramar uma única gota de sangue, e as armas foram baixadas. A única diferença é que para mim, elas se levantarão amanhã.
Neste momento a música soava: ‘The world is so wrong’
O dia da Guerra começou e eu não me sentia minimamente preparada para enfrentar os factos. Ainda a morte do meu avô me rasgava as artérias só de pensar. (sortudas as veias)
Esperei que alguém me viesse acordar e perguntar novamente se queria ir à escola, e como seria de esperar, eu responderia não; ou o choque foi de tal maneira grande que a ideia de sair sequer de casa e enfrentar a enorme multidão que me esperava era completamente impensável, ou a preguiça e o conforto falavam agora mais alto. Digamos que era a primeira.
Nada ouvi, estranhei as horas pelo sol estar tão alto e arrastei-me nas minhas pantufas do Snoopy até a cozinha. Estava a televisão apagada e tudo arrumadinho em silêncio – como se as coisas conseguissem falar, cabeça minha.
Em cima da mesa estava um guardanapo rabiscado e uma taça de cereais, com o saco ao lado.
‘Descansa bem e toma o pequeno-almoço. Nós achamos que era melhor não saíres por hoje, depois falamos contigo. Beijinho, Lou’
Louise é a minha mãe, que começou a ser tratada por Lou desde que eu nasci, pois me era difícil dizer o nome todo.
O guardanapo marcava para mim um adiamento da guerra e consequentemente um adiamento dos factos; da dor.
Passei a manhã toda a ver desenhos animados embrulhada numa manta a comer bolachas com manteiga. Almocei sozinha, como seria de esperar, e quando foi marcada a dita hora da Lou chegar, fechei-me no meu quarto, no calhamaço que é o meu computador – perguntei-me na altura quando viria o meu portátil, já tinham passado três meses e a companhia dizia que era só um.
Aí fiquei a ouvir música e a tentar escrever alguma coisa, mas tudo o que saía, além de ser deprimente, não tinha lógica e as palavras não se ligavam entre si.
Eram sete horas e a minha mãe chamou-me para jantar, massa com carne picada e outras coisas mais, tipo frango, queijo e chouriço e umas coisas verdes que nunca soube o que eram, uma invenção dela. Achei estranho por ser tão cedo, mas ainda bem que o foi, quanto mais coisas tivesse que fazer, menos tempo passava a pensar nele.
Mantive-me silenciosa e observadora ao jantar, rezando a todos os deuses que não se falasse sobre o destemido tema, o tema da Guerra.
Haja deuses ou não, consegui adiá-la pelo menos por mais uma hora, até o meu pai chegar.
Quando ouvi a porta de casa fechar, baixei o som da música que estava a dar e encostei o ouvido à porta.
- Vou falar com ela. – Exclamou a voz grossa do meu pai.
- Não, por favor. Ela parece estar bem assim. Não queiras piorar as coisas. – Como se fosse possível ficar pior.
- Tens a certeza?
- Sim, é melhor.
Ouvi passos a aproximarem-se da porta e saltei para cima da cama e fingi que cantava a música que estava a dar. Nem imagino a figura que fiz, a porta não se abriu.
Sabia que não tinha vencido a Guerra, mas também não tinha perdido. Como tu disseste outrora, embora não a tenha vencido, sobrevivi sem derramar uma única gota de sangue, e as armas foram baixadas. A única diferença é que para mim, elas se levantarão amanhã.
Neste momento a música soava: ‘The world is so wrong’
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