d
r
E
A
M
a que não promete
o que se queixa por ela não prometer
'Ela' e 'Ele'. Talvez juntos sejamos muito mais do que uma simples palavra. Talvez passemos de fantasmas a memórias vivas.
(12) Um caso aparte - I will remember before I forget
quarta-feira, 24 de junho de 2009 ( 22:01 )
Hoje levantei-me cedo.
Eram umas nove e meia e as minhas pálpebras já se recusavam a fechar, mesmo na escuridão.
Tomei o mesmo pequeno-almoço do dia anterior e reparei mais uma vez no bilhete da minha mãe.
‘O pai falou com a tua tia Lopez e vamos para lá daqui a dois dias. Sei que ainda podíamos ficar mais tempo, até quarta, mas achamos que era melhor partir já. Devemos ficar umas duas semanas em casa dela, e só depois é que iremos para Burgo, a tal terra a cento e cinquenta quilómetros de distância. Deixei uns caixotes no teu quarto para arrumares as tuas coisas, o camião vem buscar as coisas amanhã de manhã’
Custou-me um bocado ler devido ao pequeno tamanho da letra para caber tudo num guardanapo, mas lá me arranjei. Comecei a empacotar as coisas.
Como já era de esperar, demorei a manhã toda apenas a empacotar as tralhas da minha secretária pois em cada objecto que parava – colares ou pulseiras que arrebentaram e que eu me recusei em deitar fora, fotografias antigas que trouxeram aqueles ditos momentos em que tudo era tão simples, um boneco em pedra que fizera na primária, ou até uma barbie já sem uma perna – sentia-me obrigada a remexer um pouco mais na minha memória, para saborear o bom sabor da infância.
Encontrei também o livro que me deram no infantário, com uma fotografia de cada um dos meus colegas. Alguns ainda são da minha turma, mas outros já não vejo desde então. Perguntei-me então o que seria deles.
Almocei, e continuei a demorada tarefa durante o resto da tarde.
Quando o meu pai chegou a casa, já tinha acabado de guardar tudo, e ele levou os caixotes para a entrada – eram demasiado pesados para mim.
Estranhamente não me lembrei mais d’Ele a não ser no sonho. Ele perseguia-me veloz e eu fraca, sofri de um imundo beijo dele que me soube tão bem durante a noite, mas que me repugnou mal que consciencializei de tal acto.
Música no computador e um bom banho para esquecer.
Now I'm left
To forget
About us
But somewhere we went wrong
We were once so strong
Our love is like a song
You can't forget it
Sem notar, já limpa e vestida, uma lágrima escapou-me traiçoeira.
Os caixotes já haviam desaparecido e eu não tinha nada para fazer nesse dia. Todos haviam de estar na escola, todos menos eu. Cruelmente pensei se ele teria voltado também.
Decidi ir dar uma volta, espairecer pela esplanada ventosa, tal como já esperava. O que eu não esperava era vê-lo precisamente a Ele, a passar cruzado a mim. Tentei desviar o olhar, baixar a cara e passar despercebida, mas era demasiado tarde. Fechei os olhos e ouvi o meu coração bater como da primeira vez que o abracei, no funeral. Quando voltei a abri-los, para meu grande espanto, já ele tinha passado por mim sem nada dizer, ignorando-me como a um desconhecido.
Por muito melhor que fosse, senti-me pior do que se a imundice me tivesse invadido.
Corri para casa e desatei a escrever com a dor do momento, baseando-me na última música que tinha ouvido.
‘The past is just a lesson that we've learned.
I won't forget it
Somewhere we went wrong
Our love is like a song
But you won't sing along
You've forgotten (wanting or not)
About Us’
Esta seria a minha carta de despedida. Agora se seria entregue ou não, mais tarde decidiria.
Quando o choque passou, reparei que era melhor assim, eu não podia continuar a viver os dias nesta depressão sem fim. A solução é mesmo esquecê-lo e esquecer também o que se passou entre nós; tal como ele já o havia feito. Rasguei o papel em dois e detei-o janela fora.
three
two
one
dare
elaele
linhas
look at the time
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