d
r
E
A
M
a que não promete
o que se queixa por ela não prometer
'Ela' e 'Ele'. Talvez juntos sejamos muito mais do que uma simples palavra. Talvez passemos de fantasmas a memórias vivas.
(13) Na Excepção - Perder a Vida.
sexta-feira, 26 de junho de 2009 ( 23:43 )
Cinco minutos para fazer a diferença. Tenho a certeza de que é o único tempo que me resta. Nada mais e nada menos - é impressionante como toda uma vida se pode perder numa questão de segundos, num ciclo de casualidades que se juntam num pacto malicioso para nos conduzirem ao abismo.
Aproximo-me do carro deles, já a consigo ver daqui, já consigo sentir o seu cheiro, mesmo sem a olhar é fácil deixar-me levar pela memoria dos seus olhares discretos, ou indiscretos, que usurpam o meu trono sem licença.
- Boa tarde... Desculpem estar a incomodar, sei perfeitamente que está de partida mas precisamos de ter uma conversa rápida que poderá fazê-lo mudar de planos... Se não se importar, é realmente importante. - o pai dela olha para mim, demora-se no meu rosto e consigo ver as imagens que lhe trespassam a mente, as recordações de outros tempos, as de ontem, as de um passado mais longínquo. Tenho a certeza que lhe ocorrem momentos que já julgara esquecidos, Homens que considerava levados pelo tempo para sempre... histórias que eu insisti em desenterrar, por bem ou por mal, mas que há muito necessitavam de um velório apropriado.
Ele afasta-se da família, ela vê-me e entra para dentro do carro, esconde-se de mim, não me quer por perto, percebo.
- Diz lá o que tens a dizer rapaz, a minha família não precisa de mais alguns minutos de sofrimento, já tivemos uma dose suficientemente grande nos últimos dias.
- Tenho a certeza que vai valer a pena, esteja descansado. - entrego-lhe o papel que me queima no bolso das calças, a ansiedade que me tem acompanhado desde que o guardei comigo começa a desfazer-se em pedaços mais pequenos, quase que se esfuma no ambiente pesado que nos envolve. Sei que sou o portador da chave que os pode libertar a todos, sei que tenho o controlo sob três vidas distintas, sei que posso controlar o futuro Dela e, no entanto, a ideia assusta-me mais do que me agrada.
- O que é isto? - fala comigo num tom quase silencioso, como se não fosse suposto eu ouvir a pergunta, como se não se tratasse nada mais nada menos de uma questão retórica que não espera por resposta alguma uma vez que ele já a conhece desde que me viu retirar o papel amarrotado das calças.
- Acredito que sabe do que se trata. É uma escritura, uma escritura desta casa que a entrega na totalidade à sua filha até que ela decida o contrário. Também tenho a certeza que sabe que ela me pertencia a mim desde a morte do seu pai. Existem pessoas grandiosas que não precisam de sangue para formar família.
Ele oferece-me um olhar severo envolto numa espécie de gratidão receosa, não está habituado a dar o braço a torcer, tenho a certeza. Sempre foi e sempre será difícil para um homem que ama a sua família ter a certeza que não a conseguiu proteger como devia.
- Obrigado, não restam muitas outras palavras. Acaba de me oferecer um passaporte para uma felicidade incalculável, ficamos-lhe eternamente gratos. Mas, desculpe... desculpa perguntar-te, ... porquê?
- Porque tal como o seu pai, eu não preciso de sangue para formar família.
Começo a afastar-me num passo rápido, tenho de sair dali o mais depressa possível. Ela não pode saber tão depressa do que eu fiz, ela não pode descobrir agora toda a verdade. Ela não pode descodificar a mentira, é demasiado perigoso, é demasiado arriscado.
Continuo a caminhar em direcção ao nada, agora que limpei todas as teias que se tinham instalado no meu âmago sinto-me, ao contrario do que esperava, mais vazio do que nunca. Posso tê-la perdido para sempre mas não tinha o direito de lhe roubar a vida.
Ao menos que seja eu a viver na obscuridade de não ter futuro, passado ou presente recheado de memórias.
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